quarta-feira, 28 de agosto de 2013

No Meu Peito Não Cabem Pássaros, de Nuno Camarneiro


"No Meu Peito Não Cabem Pássaros" é o romance de estreia de Nuno Camarneiro, jovem escritor da Figueira da Foz recentemente galardoado com o Prémio Leya 2012 (com a obra "Debaixo de Algum Céu") que não conheci apenas aquando da sua nomeação para o Prémio Leya, os laços com a nossa pessoa em comum fizeram-me conhecê-lo há anos numa altura em que talvez não sonhasse que um dia haveria mesmo vencer tal prémio. Adiante.
Este livro conta três histórias distintas e individuais de Fernando, Karl e Jorge, que temporalmente se localiza em 1910 aquando da passagem de dois cometas pelo nosso planeta.
Cada capítulo remete para uma das três histórias, e embora as três personagens sejam bem conhecidas no mundo da literatura, o facto de Fernando ser Pessoa, Karl ser Kafka e Jorge ser Jorge Borges pode passar ao lado dos mais distraídos e dos que não fizeram uma pesquisa prévia sobre a obra. Acaba por ser uma homenagem a três meninos que se fizeram homens e de alguma forma marcaram a literatura.
A obra não é para todos os gostos, tem um estilo muito próprio, com um cariz introspectivo e abstracto com uma linguagem poética e filosófica que requer alguma dedicação na leitura.

Uma frase que me ficou: "Os Portugueses não querem nada que não possam meter no bolso. Como é que esta gente descobriu tanto mundo?"

Um livro muito bem escrito sobre três figuras importantes: Kafka, Pessoa e Borges. Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros.
Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo. Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance – três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar. Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles.
Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, "No Meu Peito não Cabem Pássaros" é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens.
Fonte: fnac.pt

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